O REI DA COCADA PRETA
Marco Antonio Rocha*
É um momento de grande acúmulo de dúvidas.
As dúvidas geram incertezas.
Estas, por sua vez, criam insegurança.
Eis algumas das dúvidas das pessoas que se preocupam com segurança no futuro.
O ritmo de aumento do consumo das famílias é excessivo? Se é excessivo, pode vir a pressionar os preços e desencadear inflação? Se não é excessivo agora, deixado à solta no mesmo ritmo, pode tornar-se excessivo em breve? Nesse caso é conveniente adotar, desde já, medidas anticonsumistas? Quais medidas? Mas, se forem prematuras e exageradas, será que não vão prejudicar a atividade econômica e gerar desemprego? Mas não foi justamente a aceleração das atividades econômicas que aumentou o emprego, está alimentando o crescimento da renda e, por conseguinte, o consumismo? Em tal caso, não seria recomendável meter um pezinho no freio para conter um pouco a velocidade do trem da economia? Mas com que força? E será que esses fatores - aceleração da atividade e melhoria da renda - são mesmo os responsáveis pelo periclitante excesso de demanda? E se não forem eles os grandes vilões? Se for a valorização do real? Então, como desvalorizá-lo? E se for a cornucópia de crédito facilitado e barateado (em relação ao passado recente) a grande animadora da festa consumista? Por outro lado, pensando melhor, será que essa euforia de ir às compras - que há muito tempo não fazia parte dos hábitos dos brasileiros normais - pode mesmo desencadear um surto inflacionário? Em que prazo? E depende do quê? Ou o aumento da oferta equilibrará o da demanda?
O fato é que todo mundo tem dúvidas neste momento, e a quantidade de perguntas supera, em muito, a das respostas.
Mas há quem não tenha dúvidas. Só certezas. Absolutas. Ninguém é menos cartesiano, ninguém duvida menos dos bons ventos que nos embalam do que o nosso presidente Lula. Ele tem certeza de que a economia vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis; de que o Brasil está totalmente a salvo de qualquer turbulência econômica mundial; de que não há a menor e a mais longínqua ameaça de inflação, recessão ou estagflação; de que Deus certamente blindou o Brasil e, especialmente, o seu governo contra qualquer percalço, imediato ou mediato ou qualquer espécie de crise como a que abala os EUA. E proclama isso todos os dias - ultimamente aos brados, na sua campanha eleitoreira a pretexto de lançar obras do PAC nos municípios.
Mas esse otimismo esfuziante e espalhafatoso não é vazio. Tem fundamentos objetivos e subjetivos. Os primeiros se baseiam nos fatos da economia que, nesta fase, sustentam qualquer tipo de triunfalismo. Os institutos de pesquisa despejam todas as semanas na imprensa novas apurações auspiciosas. A indústria e o comércio há muito tempo não apresentavam desempenho tão animador. O emprego cresce e o desemprego diminui. Nunca se venderam tantos carros em tão curto período. A construção civil não tem mãos a medir. O crédito farto irriga as mais voluptuosas pretensões dos consumidores. A penca de vaticínios pessimistas de meses atrás foi varrida pelo vendaval de bonança.
O Ibope confirma quão bem-aventurado é o mar em que o presidente navega, na política. Por isso, do alto da verga mestra, ele fala sem peias, desatento aos disparates: “Esse é um filho que demorou meses para nascer” - na visita à futura refinaria da Petrobrás, no Recife. Como se filho houvesse que não demorasse meses para nascer. E sobre os governantes que o antecederam: “Eram cegos e surdos - como se falassem línguas diferentes.” Por que cegos e surdos falariam línguas diferentes? Sem deixar de lado a jactância: “Ô Bush, meu filho, resolve tua crise...” - ao relatar o telefonema que teria dado ao presidente dos EUA.
Mas há ainda o traço pessoal, que leva o presidente a falar como se fosse o rei da cocada preta. Primeiro, porque desdenha das preocupações dos analistas e economistas. Para ele, são questiúnculas de lana-caprina. Segundo, porque, por temperamento, não tem gosto por assuntos complicados, como a economia. É um puro tático. Não fica pensando na maneira de atravessar a ponte antes de chegar nela. Decide, na beira do rio, qual o passo que vai dar. E precisa ter o que ou a quem vencer em cada passo. A luta e o inimigo são sua adrenalina.
Daí, bravatas como esta: “A oposição pensa que vai eleger o (meu) sucessor, mas pode tirar o cavalinho da chuva, porque vamos fazer a sucessão para continuar governando este país.” É uma maneira de espicaçar a oposição, de colocar o inimigo em brios, para ter a quem derrotar. Sem isso, sem os desafios da luta, Lula sabe que perderia o apetite pela política, pois foi com isso que se acostumou enquanto líder sindical.
A frase contém, porém, um alerta. Não deve ter sido intencional, pois ele não auferiria nenhuma vantagem política. Deve ter sido um ato, ou um dito, falho: fazer a sucessão para continuar governando este país? Será que Lula se considera tão acima do bem ou do mal, da política medíocre, tão imune a tudo, que nem cuida de policiar seu palavrório? Um político mais comedido teria falado em “fazer um sucessor que continue implementando neste país o programa do nosso partido” - para não despertar suspeitas sobre suas intenções. Do jeito que ficou... a frase sugere que ele se considera o sucessor de si próprio ! Mas o presidente sabe que seu grande desafio não é a oposição. E nem é “fazer a sucessão”, mas, sim, escolher um sucessor, já que, no seu partido, ninguém tem bala pra isso.
Quanto à oposição, antes de tirar o cavalinho da chuva, precisaria saber qual cavalinho vai pôr na chuva para enfrentar a disposição aguerrida do presidente. Na prática, só tem armado cavalos-de-batalha que se transformam em jumentos de carga - como essa CPI dos Cartões Corporativos.
*Marco Antonio Rocha é jornalista
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